Meu amuleto é meu bem

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Eu não preciso de patuá
Nem peço ao meu orixá
Não vou na igreja, não sei rezar
Mas tenho fé

“Talismã”.
Composição: Paulinho da Viola, Marisa Monte e Arnaldo Antunes

Acho que essa música do acústico do Paulinho da Viola, a “Talismã”, me define muito tem.

Fui criado na religião católica. Fiz todos os sacramentos que me eram permitidos: Batizado, Primeira Comunhão e Crisma. Sem contar que freqüentava semanalmente (“religiosamente” seria um termo redundante) a missa dos jovens, aos domingos de manhã. Em muitas delas, ia até o altar para realizar as leituras. Ou seja, participava ativamente do ritual.

Mas cheguei num ponto em que qualquer coisa me tirava da missa. Aquela coisa de acordar às 9h em pleno domingo, a F1 na TV… Aliás, acordava no mesmo horário para a F1 e para a missa, mas o Ayrton Senna se mostrava muito mais divertido e emocionante que o Padre Alfredo. Somei isso aos meus estudos, principalmente de história. Ao saber do que a Santa Igreja já foi capaz de fazer, em nome de Deus, eu simplesmente parei. Comecei a achar a Igreja algo hipócrita, por esse e por vários outros motivos. Não me entrava na cabeça, por exemplo, o fato de o padre dar uns baitas sermões sobre família se ele não pode constituir uma. Como ele sabe o que tem de ter uma família se ele não tem o direito de administrar uma? As carolas, que mal saíam da missa e já iam fofocar sobre a vida alheia, também me davam nojo.

Enfim, me tornei uma pessoa que não freqüenta igrejas, o famoso “católico não-praticante”. Muito confundido com “ateu” por aí, algo que eu não sou. Sei o Pai Nosso, a Ave Maria e faço meu sinal da cruz. Eu acredito e tenho fé em Deus, só não acredito na Igreja e nos seus integrantes. Apenas isso.

Mesmo assim, tenho ido a algumas igrejas ultimamente. O visual sempre me impressiona e não há lugar melhor para quando se quer o silêncio, a meditação. Chego lá, tenho meu bate-papo com Deus (linha direta, sem intermediários) e pronto. Saio renovado e com mais fé do que entrei.

Tudo isso para dizer que para se ter fé não é preciso seguir uma doutrina ou realizar uma série de rituais. O intuito de Deus não é ficar num lugar inatingível ou feito o presidente de uma empresa, que só atende as ligações que sua secretária passa. Ele quer estar conosco. E quer que nós estejamos com ele, em nossas ações, nossos costumes, nosso dia a dia. E para estar com Ele não preciso de padres, pastores ou algo que o valha.

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