Anônimo na internet (até que a polícia encoste na sua porta)

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As pessoas pensam que podem ser anônimas na internet. Então, saem por aí xingando com apelidos engraçados ou cometendo crimes como falsidade ideológica criando os chamados fakes. Já fui vítima desse crime na época em que eu usava o Orkut. Me complicou um pouco a vida, mas consegui resolver o caso e chegar no autor do crime.

De ontem pra hoje, dois exemplos de como um usuário anônimo pode cometer crimes na internet, como se tivesse postando uma receita de bolo. É tudo tão fácil e tão prático que a pessoa pode nem se dar conta.

Você deve ter visto do vídeo do Bar Mitzvah do Nissim Ourfali. Se não viu, ele está aqui:

Como bem explicou Rosana Hermann, é um vídeo relativamente comum na cultura judaica. Mas acabou se tornando engraçado e agora já encosta nas 650 mil visualizações.

Alguém criou uma fan Page para o garoto no Facebook. Até aí, ok… mas o detalhe: as postagens são em primeira pessoa, como se a página fosse do próprio Nissim. Inclusive, logo na descrição, há um “MEU VÍDEO” seguido do link para o vídeo acima.

Oras, se isso não é falsidade ideológica, não sei mais o que é. Uma pessoa se passando por outra, criando posts em primeira pessoa… muito diferente de um fake que se declara uma imitação ou uma caricatura.

E o pior: eu escrevi, no mural da própria página, dizendo que aquilo era um crime. Alguns usuários se apressaram em defender a página, em tom de deboche. Ou seja, se eu fosse o Nissim real, muito provavelmente seria chamado de otário. Os valores estão invertidos. A culpa do crime é da vítima e não de quem está cometendo.

O outro exemplo aconteceu hoje. O professor (e amigo) Chico Bicudo teve que apagar comentários agressivos que fizeram no blog de sua filha Luiza. Detalhe: ela tem apenas 10 anos de idade!

Um trecho do desabafo do Chico:

“Eram coisas como ‘você é gorda, obesa, nojenta, só quer aparecer, é pobre, é pobre de espírito, uma cretina’, entre outras tantas agressões. Ela desmontou. Ficou pálida e chorou copiosamente, sem conseguir entender ou aceitar tanta violência. Por que, pai? O que é isso?”

A internet, para o bem e para o mal, é terra de ninguém. Ela acaba fazendo com que os sentimentos e as palavras que as pessoas têm represados saiam com muito mais facilidade do que na sua vida social diária. Alguém se imagina xingando uma criança de 10 anos dessa forma? Não. Mas basta aparecer a oportunidade para fazer isso anonimamente que acontece.

Felizmente, a própria internet facilita também a localização dos autores desse tipo de atrocidade. É possível rastrear usuários por meio do IP. No caso do Nissim, a família pode acionar o Facebook judicialmente, se quiser. Já no caso do Chico e da filha Luiza, não sei até que ponto os xingamentos evoluíram para algum tipo de crime (foram muitas postagens, que já foram apagadas).

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