Cabo do Medo: e a consciência do advogado, como fica?

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Menos uma falha cultural e cinematográfica para o currículo!

Ontem o canal Megapix me salvou e transmitiu Cabo do Medo (Cape Fear), dirigido por Martin Scorsese e lançado em 1991. O filme narra a história de um estuprador, Max Cady, que ficou preso por 14 anos e volta para tirar satisfações com seu ex-advogado (na época do crime, um defensor público), que poderia ter diminuído a pena mas omitiu fatos no julgamento, por ter consciência que seu “cliente” era mesmo culpado.

O preso, vivido magistralmente por Robert De Niro, entra na cadeia analfabeto. Em 14 anos, ele aprende a ler, escrever e sai praticamente um filósofo, com direito a citações à Bíblia e Nietzsche. Seu corpo é marcado por tatuagens que clamam por vingança e justiça.

Nick Nolte é o advogado Sam Bowden. Sua perfomance lembra muito Michael Douglas em Dia de Fúria (Falling Down), que seria lançado dois anos depois. Conforme as ameaças de Max vão se tornando mais reais, Sam vai perdendo o controle, num jogo psicológico que também traz à mente O Iluminado (The Shinning, 1980), estrelado por Jack Nickolson.

O filme tráz à tona discussões interessantes. Max, acusado de estuprar uma garota de 16 anos (mesma idade da filha de Sam, Danielle Bowden, vivida por Juliette Lewis), poderia ter ficado menos na prisão se Sam informasse o resultado da pesquisa sobre a vida sexual da jovem vítima: ela era promíscua. Mas, sabendo que o cliente é culpado, como fica a consciência desse advogado? Sabemos que todos têm direito à defesa (e isso é um argumento em uma das cenas), mas até que ponto uma vida promíscua de uma garota de 16 anos pode servir para diminuir a “culpa” de um estuprador? Sam diz em uma das cenas que deixou a defensoria pública para ficar bem com a sua consciência.

Max Cady é um homem inteligente e determinado. E isso, obviamente, não exclui a sua vilania. E, além de culpado pelo crime de 14 anos atrás, mostra que está pronto para fazer tudo de novo.

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